A ascensão dos rastreadores de saúde vestíveis introduziu um fenômeno novo e contraintuitivo: ortossonia. Este padrão comportamental surge quando os indivíduos ficam obsessivamente focados em alcançar dados de sono “perfeitos”, em vez de realmente melhorarem o seu descanso. Cunhada em 2017 por pesquisadores da Universidade de Utah, a ortossonia destaca como o automonitoramento bem-intencionado pode sair pela culatra, transformando uma ferramenta de bem-estar em uma fonte de ansiedade.
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O Paradoxo do Sono Perfeito
O termo “ortossonia” traça um paralelo com “ortorexia”, um transtorno alimentar caracterizado por uma obsessão doentia por uma alimentação “limpa”. Em ambos os casos, uma ênfase excessiva nas métricas de saúde pode agravar o problema subjacente. Aproximadamente um terço dos americanos agora usa rastreadores vestíveis, recebendo constantemente dados enquadrados como uma “pontuação” de sono. Esses dispositivos calculam o tempo gasto em sono REM e profundo, atribuindo um valor numérico ao repouso.
No entanto, a busca por uma pontuação perfeita pode ser prejudicial. Muitas pessoas recorrem aos rastreadores porque têm dificuldade para dormir; perseguir um número pode se tornar uma distração na abordagem das causas profundas do mau descanso. Como explica a Dra. Ana C. Krieger, da Weill Cornell Medicine: “Pode parecer mais fácil perseguir um número… do que realmente investigar o problema”.
Por que isso é importante: o ciclo da ansiedade
O problema não é apenas sobre dados imprecisos (embora os rastreadores sejam frequentemente imprecisos). É sobre a ansiedade que eles induzem. Os rastreadores do sono acionam um ciclo de feedback: dados ruins levam ao estresse, que então piora o sono. O neurologista Dr. W. Christopher Winter observa que a própria ansiedade suprime o sono, afastando as pessoas do descanso em vez de aproximá-lo.
Além disso, as métricas fornecidas por estes dispositivos não são universalmente significativas. Não existe uma quantidade “perfeita” de sono REM ou profundo. Os indivíduos variam e a obsessão por objetivos arbitrários pode ser contraproducente.
Distinguindo Ortossonia de Insônia
Embora a ortossonia seja motivada pela ansiedade relacionada ao rastreamento, a insônia é um distúrbio do sono clinicamente definido que envolve dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo. Alguém com insônia crônica apresenta esses sintomas com frequência (pelo menos três vezes por semana durante três meses) e sofre consequências diurnas como fadiga e dificuldade de concentração. Você pode experimentar ortossonia mesmo sem ter insônia subjacente.
Como quebrar o ciclo
Os especialistas oferecem várias soluções:
- Faça uma pausa: Desconecte-se do rastreamento para avaliar se o dispositivo está realmente ajudando ou agravando sua ansiedade.
- Exercícios respiratórios: Acalme seu sistema com respiração profunda e controlada (inspire por quatro, segure por sete, expire por oito).
- Limite o tempo na cama: Evite gastar muito tempo tentando forçar o sono, pois isso pode sair pela culatra. Atenha-se às sete a nove horas recomendadas.
- Otimize seu ambiente: Garanta um quarto fresco, escuro e sem distrações.
- Considere a terapia: A terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBTI) pode fornecer estratégias estruturadas para melhorar o sono e gerenciar tendências perfeccionistas.
Em última análise, ficar obcecado com os dados do sono costuma ser menos útil do que abordar a higiene fundamental do sono. Se você suspeitar de um distúrbio grave do sono, consulte um médico. O objetivo não deveria ser alcançar uma pontuação perfeita; deveria ser para ter um sono reparador e reparador.
A busca incansável pelo sono quantificado pode, ironicamente, levar à insônia. A principal conclusão é que, embora a tecnologia possa ser útil, é crucial evitar que ela dite o seu bem-estar.
